O Presépio da minha infância não era a sagrada família dentro da gruta, no Algarve e principalmente nas casas do Barrocal algarvio, o Presépio era um Altar coberto com uma toalha branca bordada, muitas vezes feito em escadaria com o menino no alto e a seus pés colocavam as searinhas, ramos de laranjas, murta e gil barbeiro ( plantas silvestres ) colocavam também uma lamparina de azeite que se mantinha acesa na noite de Natal.
A tradição mandava que a ceia de Natal fosse carne de porco frita com ameijoas ou berbigão, havia as chouriças, as filhoses, os pasteis feitos com recheio de batata doce, no dia de Natal ao pequeno-almoço comia-se as fatias douradas, toucinho frito com chouriça e um aromático café de cafeteira feito em fogo de lenha, que ao mesmo tempo aquecia a casa, ao almoço havia uma galinha gorda ( o galo ficava para o Entrudo ) muitas vezes ao almoço comia-se também um cozido de couve do qual se aproveitava o caldo para fazer uma massa aromatizada com hortelão.
Pouco ou nada era comprado, consumia-se o que se produzia, igualmente eram as prendas com que se presenteava a família e os amigos, oferecia-se um pão, o mais bonito que havia no tabuleiro, filhoses, uma chouriça e toucinho, laranjas, uma galinha e muitas vezes uma prenda feita de croché ou de tricô
Assim era o Natal da minha infância. Assim era o Natal tradicional do Algarve.
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